Na palma da mão

Cientistas desenvolvem nova forma de interagir com aparelhos eletrônicos em que é preciso apenas tocar a própria pele para acionar os comandos

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INOVAÇÃO
Pesquisador digita números em sua mão: quase invisível
Além de surpreender muita gente, a Microsoft abriu por­tas para novos saltos tecnológicos desde novembro do ano passado, quando lançou o Kinect. Trata-se de um acessório para o videogame Xbox 360 que permite ao jogador controlar games sem o auxílio de nenhum equipamento, usando apenas os movimentos do corpo. A empresa de Bill Gates, no entanto, quer ir além. Ela desenvolve uma tecnologia que aciona comandos em aparelhos como smartphones e tocadores de MP3 com toques em pontos específicos da pele. O Skinput, como está sendo chamado, deve chegar ao mercado só depois de 2016, mas coloca seus desenvolvedores à frente num negócio em que o sucesso está indissociavelmente vinculado à inovação radical.
O Skinput elimina botões ao usar o maior órgão do corpo humano como superfície para acionar celulares ou computadores. Dez sensores captam as ondas geradas na pele quando ela é tocada e as convertem em comandos (leia quadro abaixo). O aparelho fica preso no braço, logo abaixo do ombro, e pode conter ainda um pequeno projetor que exibe, no antebraço ou na mão, o que pode ser executado – desde tocar uma música a fazer uma ligação.
“Uma mão tem mais superfície do que um smartphone típico. Considere os dois braços e terá mais área para trabalhar do que num laptop”, disse à ISTOÉ Chris Harrison, da Carnegie Mellon University (EUA), que desenvolve o projeto junto com a Microsoft.
A tecnologia elimina um efeito colateral do avanço dos aparelhos de telefone celular. Embora uma das grandes vantagens seja seu tamanho reduzido – que faz com que possam ser levados para qualquer lugar –, eles também geram incômodo com seus botões pequenos e telas difíceis de ler. “Com tecnologias como o Skinput, podemos ter interfaces portáteis e ao mesmo tempo grandes. Ele tem a vantagem de usar o que já levamos conosco – nossa pele”, diz Harrison.
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“Com o Skinput, podemos ter interfaces portáteis

e ao mesmo tempo grandes. Ele usa o que
já levamos conosco – nossa pele”Chris Harrison, responsável pelo projeto
Outro time de pesquisadores da Microsoft pesquisa uma forma ainda mais sutil de controlar a tevê, computadores e outros aparelhos. Em vez das vibrações na pele, eles estudam os sinais elétricos que os músculos geram quando se contraem. Um dos cientistas responsáveis, Scott Saponas, deu à revista americana “Fast Company” um exemplo de uso que ele mesmo adoraria poder fazer em breve. Nas horas vagas, Saponas costuma participar de aulas de cerâmica. Não raro, seu telefone toca enquanto está, literalmente, com a mão na massa. Em vez de sair correndo para lavar as mãos, ele poderia atender a ligação simplesmente tocando o polegar e o indicador.
No atual estágio de desenvolvimento do projeto, o maior problema do Skinput tem sido a precisão: é necessário “treiná-lo”, usá-lo várias vezes até que entenda os comandos. Não dá para pegar um aparelho por perto e começar a usar como você faz com qualquer outro com tela sensível ao toque. Ainda assim, o invento pode ser o prenúncio de um futuro bem diferente. “Será quase como mágica. Você vai se sentar em frente da tevê, abrir a mão e haverá um controle remoto projetado nela. Diferentes interfaces estarão presentes em seu carro, cozinha, escritório...”, prevê Harrison. Mais do que na palma da mão, a tecnologia estará em todas as partes, ao alcance dos dedos.
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