Estamos cada vez mais próximos do triste teatro

Cientistas da Universidade do Arizona conseguiram resultado impressionante numa projeção de imagens ao vivo usando holografia. A tecnologia produz efeito semelhante ao 3D, mas dispensa óculos.

 Shutterstock; Ilustração_Tato Araujo
Numa das cenas antológicas de Guerra nas Estrelas, o simpático robô R2D2 projeta uma luz azul na sala onde Luke Skywalker, o herói do filme, reúne-se com seu grupo. Ali, surge uma imagem em miniatura da Princesa Leia, implorando ajuda. A aparição não dura 30 segundos, mas foi o suficiente para tornar-se um ícone do cinema. A cena entrou para o imaginário coletivo por mostrar algo que, até hoje, só a ficção científica poderia materializar: um holograma perfeito. Ou, traduzindo, uma imagem em movimento, projetada em três dimensões, que reproduz uma pessoa como se estivesse presente em determinado lugar. Mais de 30 anos depois de o filme ter sido lançado, a holografia está deixando de ser uma miragem tecnológica.

Aliás, não se impressione se em breve seu chefe fizer uma aparição semelhante à da Princesa Leia numa reunião de trabalho.

Num recente avanço tecnológico, um grupo de cientistas liderado pelo americano Nasser Peyghambarian, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, desenvolveu um sistema que capta cenas em três dimensões e as reproduz em outro lugar – em qualquer parte do mundo. O modelo pode ser definido como a telepresença holográfica. Em um teste, um pesquisador estava na Califórnia e sua imagem tridimensional foi lançada, quase em tempo real, a milhares de quilômetros de distância, no Arizona. Essa não foi a primeira experiência com holografia. A invenção da técnica data do fim da Segunda Guerra Mundial, quando o engenheiro eletricista húngaro Dennis Gabor fez experimentos desse tipo. Mais tarde, em 1971, a pesquisa rendeu a Gabor o Prêmio Nobel de Física.

Diferentemente do 3D, os hologramas são projetados no ar. Não necessitam de tela ou óculos

Mas as tentativas recentes de uso da holografia eram claramente limitadas. Em geral, empregavam um material pré-gravado e não conseguiam reproduzir o movimento. O segredo do resultado positivo da turma do Arizona está na velocidade de transmissão de dados: a imagem se renova a cada dois segundos. No início da década, esse tempo era 100 vezes maior (veja o quadro). A equipe da universidade agora trabalha para que as cenas sejam retransmitidas no mesmo padrão utilizado por uma câmera de vídeo. Ou seja, 24 quadros por segundo. “Precisamos avançar alguns pontos na nossa pesquisa para chegar a esse nível e tornar o experimento comercialmente viável. O que fazemos atualmente em dois segundos precisa ser feito em frações desse tempo”, diz Peyghambarian